A nova nação que surgiu foi construída em um modelo republicano e federalista e inspirada pelos ideais iluministas que defendiam as liberdades individuais e o livre comércio, por exemplo. De toda forma, a Independência dos EUA foi encabeçada pela elite colonial, insatisfeita com a forma como a Inglaterra tratava os colonos.
A Independência dos EUA e o modelo de nação desenvolvido pelos norte-americanos no século XVIII serviram de inspiração para outras nações do continente americano. A República instaurada no Brasil, a partir de 1889, por exemplo, inspirou-se claramente no modelo norte-americano.
Causas da Independência dos Estados Unidos
A Independência dos EUA foi resultado direto da divergência de interesses que existia entre a metrópole (Inglaterra) e as Treze Colônias. Na segunda metade do século XVIII, a política da Inglaterra em relação às Treze Colônias alterou-se drasticamente, e isso desagradou aos colonos, motivando-os a rebelarem-se contra a Inglaterra.
O primeiro ponto relevante a ser abordado é que, durante o século XVII, a Inglaterra havia deixado de ser uma monarquia absolutista, tornando-se uma monarquia parlamentar constitucionalista, na qual a burguesia, por meio do Parlamento, controlava o país. Com o advento da Revolução Industrial, essa burguesia tinha interesse na expansão da indústria e por isso buscava novas fontes de matérias-primas e novos mercados consumidores.
As colônias da Inglaterra, naturalmente, foram enxergadas como “fontes para alimentar o processo industrial inglês”, conforme definiu o historiador Leandro Karnal.|1| Além disso, ao longo do século XVIII, a Inglaterra envolveu-se em uma série de conflitos que aumentaram o peso dos impostos para os colonos.
Ao longo do século XVIII, a Inglaterra envolveu-se nas seguintes guerras: Guerra da Liga de Augsburgo, Guerra da Secessão Espanhola, Guerra da “Orelha de Jenkins”, Guerra do Rei Jorge, Guerra Franco-Índia e Guerra dos Sete Anos. A soma desses conflitos, para a Inglaterra, foi positiva, pois esses contribuíram para enfraquecer a França na América e aumentaram as posses territoriais dos ingleses.
aconteceu quando os ingleses decretaram a Lei do Chá, que determinava que o chá nas Treze Colônias somente seria vendido pela Companhia das Índias Orientais. A insatisfação com a lei levou 150 colonos, disfarçados de índios, a invadirem o porto de Boston durante a madrugada, atacarem três navios e jogarem ao mar 340 caixas de chá.|4| Esse acontecimento ficou conhecido como Festa do Chá de Boston.
A rebeldia dos colonos resultou em medidas duras decretadas pela Inglaterra. As medidas determinadas pela Coroa ficaram conhecidas como Leis Intoleráveis. Entre as medidas das Leis Intoleráveis, estão as seguintes:
O porto de Boston foi fechado até que os prejuízos fossem ressarcidos.
O direito de reuniões foi suspenso.
A colônia de Massachusetts foi ocupada por tropas britânicas.
Os colonos foram obrigados a abrigar e alimentar as tropas inglesas que dominaram a região.
As medidas deixaram claro para os colonos que havia uma grande divergência de interesses entre colônia e metrópole. Assim, os colonos, que até então eram reticentes quanto à possibilidade de separação, começaram a cogitar a independência. Essa ideia ainda era muito tímida, e isso ficou claro quando foi organizado o Primeiro Congresso Continental da Filadélfia.
Nesse congresso, os representantes das Treze Colônias (exceto da Geórgia) reuniram-se para redigir um documento ao rei inglês declarando sua lealdade, mas protestando contra as medidas determinadas pelas Leis Intoleráveis. A reação do rei, no entanto, motivou mais insatisfação, pois foi determinado que o número de soldados na colônia aumentasse. Com essa medida, os primeiros conflitos armados entre colonos e tropas inglesas aconteceram.
violência com que eram tratados durante a guerra.
Nisso, franceses e espanhóis entraram no conflito fornecendo apoio vital aos americanos. Os dois primeiros tinham interesses em enfraquecer os ingleses no continente americano e viram, no apoio à Independência dos Estados Unidos, uma forma de atingi-los. A vitória final dos colonos americanos aconteceu após a Batalha de Yorktown, que correu em 19 de outubro de 1781. Os ingleses reconheceram a Independência dos EUA, com a assinatura do Tratado de Paris, em 1783.
Por que a França ajudou na Independência dos EUA?
O envolvimento francês na Guerra de Independência dos Estados Unidos aconteceu porque os franceses tinham o interesse em enfraquecer os britânicos na América. Lembrando que, durante o século XVIII, as duas nações haviam entrado em combate durante a Guerra dos Sete Anos, na qual os franceses, derrotados, foram obrigados a ceder uma série de territórios.
A Guerra de Independência dos EUA era vista pelos franceses também como uma possibilidade de recuperarem tais territórios perdidos. Com a derrota, os ingleses foram obrigados a devolver Senegal, algumas ilhas no Atlântico e algumas terras na América, para os franceses.
Os espanhóis, que também lutaram ao lado dos colonos, receberam de volta Minorca, uma ilha no Mediterrâneo, e territórios na Flórida.
Consequências da Independência dos Estados Unidos
A Independência dos Estados Unidos também é conhecida como Revolução Americana. Desse processo, as principais consequências que podem ser destacadas são:
Consolidação dos Estados Unidos enquanto nação independente.
Os ideais iluministas defendidos pelos americanos inspiraram movimentos de independência em outras partes da América, inclusive no Brasil.
Republicanismo consolidou-se como alternativa política. No século XIX, as colônias espanholas, por exemplo, converteram-se em repúblicas, após conquistarem suas independências.
Declínio do domínio colonial da Inglaterra na América continental.
França e Espanha recuperaram parte de seus territórios na América, após a derrota inglesa na guerra;
Deu-se início ao processo de expansão territorial dos EUA, após a Inglaterra ceder as terras entre os Montes Apalaches e o Rio Mississippi.
Fontes
KARNAL, Leandro (org.) História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2008.
LONGLEY, Robert. Brief History of Declaration of Independence. Disponível em: https://www.thoughtco.com/declaration-of-independence-brief-history-3320098.
HICKMAN, Kennedy. An Introduction to the American Revolutionary War. Disponível em: https://www.thoughtco.com/american-revolution-101-2360660.
Notas
|1| KARNAL, Leandro. A Formação da Nação. In.: KARNAL, Leandro (org.). História dos Estados Unidos. São Paulo: Contexto, 2008, p. 75.
|2| Idem, p. 75.
|3| Idem, p. 76.
|4| Idem, p. 79.
|5| Idem, p. 88.
Créditos de imagem
[1] Chrisdorney e Shutterstock
[2] Warasit Phothisuk e Shutterstock
Por Daniel Neves Silva
Professor de História
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