Foto: Reprodução/TV São Francisco
A “guerra de espadas”, tradição junina em várias cidades do nordeste, rendeu confusão no município de Senhor do Bonfim, norte da Bahia, na noite de sábado (23). Depois da recomendação de suspensão do evento pelo Ministério Público Estadual (MP-BA), a Polícia Militar tentou interver e entrou em confronto com os espadeiros.
Na cidade, a guerra de espadas é praticada há mais de 70 anos e o “campo de batalha” fica na rua Costa Pinto. Antes da confusão, os policiais tentaram impedir que as espadas fossem acendidas na fogueira. O Corpo de Bombeiros esteve no local para apagar a fogueira, mas foi impedido pelos espadeiros, que usavam gritos de resistência. Pouco tempo depois, o grupo começou a lançar as espadas.
A polícia usou spray de pimenta e balas de borracha para tentar dispersar a população, mas não conseguiu. Um homem chegou a passar mal, na confusão. Os policiais deixaram o local e a guerra de espada continuou. A polícia não têm registro de feridos.
A guerra de espadas virou patrimônio cultural de Senhor do Bonfim a partir de um projeto de lei votado com unanimidade, em 2017. Dias após a aprovação, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) suspendeu a lei e determinou a proibição da manifestação cultural. No mesmo ano, espadas chegaram a ser apreendidas com um grupo na cidade.
Na época, a decisão foi tomada a partir de um pedido feito pelo Ministério Público (MP-BA) e publicada no Diário Oficial da Justiça. A determinação previa que, quem descumprisse a medida poderia ser preso e pagar multa de até R$ 10 mil. A associação dos espadeiros do município informou recorreu da decisão e o pedido foi feito novamente pelo MP este ano.
Apesar de perigosa, a tradição é mantida pelas famílias da cidade, que aguardam a chegada do São João para dar início a manifestação cultural. Grupos com mais de 70 participantes que se reúnem todos os anos para guerrear.
Durante a guerra, os espadeiros usam roupas e capacetes para se proteger das espadas, mas não dispensam a oração para pedir proteção antes de dar início a tradição.
Em média, cada espadeiro leva 100 espadas para guerra, e algumas famílias chegam a gastar mais de mil reais com o arsenal.
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