Os familiares de Jaqueline Ferreira de Almeida, 32 anos, ainda tentam entender como uma endoscopia, considerada um procedimento simples, levou a autônoma à morte na quinta-feira (20/10). O Metrópoles conversou com o marido de Jaqueline, o gestor de tecnologia Valdery Brito, na tarde deste sábado (22/10). Antes da morte da esposa, ele gravou uma conversa em que o médico Lucas Seixas Doca Júnior, responsável pelo exame, explica a sucessão de fatos que resultaram no óbito.
Valdery conta que a esposa tinha uma endoscopia marcada pela manhã de quarta-feira (19/10) com o médico, na clínica Endogastrus, no Sudoeste. O procedimento seria simples e deveria terminar em menos de 40 minutos. Segundo o marido, o exame serviria para analisar se a esposa estava apta a passar por um teste de coagulação por plasma de argônio. O objetivo é de evitar que pessoas que já fizeram cirurgia bariátrica voltem a ganhar peso. A autônoma havia feito essa operação em 2012 com outro médico e, segundo Valdery, sem maiores problemas. “A saúde dela era perfeita”, explica.
Quando o procedimento ultrapassou os 40 minutos, o marido procurou mais informações sobre a esposa. Depois de uma hora, o médico explicou que Jaqueline não havia expelido o gás utilizado no procedimento e deixou que ele visse a mulher. Ela estava com a barriga inchada e com a aparência debilitada. No áudio, o médico diz que o ar usado para fazer o exame deveria ter saído pelo ânus. “Mas ela não conseguia nem arrotar nem soltar os gases. Assim, achamos que ela estava obstruída. Chamei o proctologista para fazer uma colonoscopia, mas o intestino estava cheio de fezes”, afirmou.
Ela esperou 15 minutos no pronto-socorro e, quando foi atendida por uma médica, a encaminharam à Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ao dar entrada na UTI, teve uma parada cardiorrespiratória e foi reanimada. No entanto, os especialistas tiveram de abrir a barriga de Jaqueline para expelir o gás. A autônoma, então, foi encaminhada a uma sala de cirurgia, onde constataram que o intestino delgado dela havia estourado. “Deve ter rompido no final da tarde. Quando eu abri na UTI e vi, já havia rompido. Eu só esperei ressuscitar e fui para o centro cirúrgico”, contou o médico no áudio.
Lucas fala ainda sobre a possibilidade de Jaqueline não resistir. “Tem risco de morrer de hoje para amanhã. Eu acho que isso vai acontecer não. Mas eu posso ser frustrado. Ore e peça a Deus atuar, esse é o caminho”, afirma. Por volta das 2h30 de quinta-feira (20/10), o marido foi aconselhado a ir para casa, pois acompanhantes não podem permanecer na UTI. Trinta minutos após chegar na residência, Valdery recebeu a ligação do hospital pedindo que ele voltasse à unidade com a família. O caso está sendo investigado pela 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul). O resultado da perícia médica deve sair em até 30 dias. Fonte: Metropoles.
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